Conheço-a à mais de 20 anos. Quando
comecei a trabalhar, com 18 anos, ela já estava na empresa, apesar de ser mais nova do que eu. Como
éramos as 2 quase ainda crianças, demo-nos bem logo no primeiro momento e eram uma
espécie de mascotes da empresa, juntamente com outra colega, por sermos as mais novas.
Saímos juntas,
partilhávamos imensas coisas,
frequentávamos a casa uma da outra e sempre abri as portas da minha quando ela precisava, pois não se dava muito bem com os pais e por vezes ia dormir a minha casa, até a situação acalmar.
Arranjamos namorados amigos um do outro. Eu acabei por terminar com o meu, ela casou com o dela, supostamente um amor desde os tempos do liceu e que tinha perdido de vista por uns tempos. O casamento durou um mês.
Novo namorado, desta vez amigo do meu marido (na altura
éramos namorados). Depois de muitos anos de relação conflituosa, terminaram. Ela disse que precisava de se afastar dos amigos que tinha em comum com o ex-namorado por uns tempos. Nessa altura ela estava estudar de noite, tal como eu já tinha feito, e tinha arranjado novos amigos na universidade.
Respeitei a vontade dela, mas fiquei triste por ela não ter ido ao meu casamento, um dos dias mais importantes da minha vida.
Ia ouvindo aqui e ali histórias pouco abonatórias sobre a vida que levava. Sempre por aqui e por ali, sem regras, com namorados que pouco interessavam, alguns mesmo violentos. Mas nunca me aproximei, pois ela assim o tinha pedido.
Soube por amigos comuns que estava gravida. Confesso que foi uma das pessoas que mexeu mais comigo ter engravidado antes de mim. Já tinha feito abortos anteriormente (que não condeno, cada um sabe da sua vida...) e o ultimo tinha corrido um pouco mal, por isso tinham-lhe dito que provavelmente não ia ser fácil engravidar. E ela não se prevenia muito por achar isso. E assim do pé para a mão, ficou gravida.
Nunca mo disse e vi-a 2 ou 3 vezes durante a gravidez, sendo que soube do nascimento da bebé através de outras pessoas. Parece que a criança fez com que ela ficasse com o pai da
miúda, uma pessoa muito pouco recomendável, mas simpático socialmente, o qual conheci casualmente num jantar da empresa.
Quando a menina tinha uns 2 anos, uma amiga comum veio dizer-me que a minha "amiga" andava muito sozinha, não tinha ninguém por perto, que se dava mal com o companheiro e que precisava das verdadeiras amigas por perto, que
tínhamos de a ajudar.
Confesso que hesitei muito. Ela estava longe de nós por opção, por isso se nos queria de novo na vida dela, deveria ter-nos procurado. Mas acabei por ceder. Abri-lhe de novo a porta da minha casa e o meu coração.
O meu filho nasceu. Ela esteve sempre por perto e foi ver-nos uns dias depois do Dinis ter nascido. Convidei-a para o baptizado do meu filho. Foi só um bocadinho à igreja, dando uma desculpa esfarrapada, mas disse logo que dava a prenda na mesma, como se fosse isso o mais importante.
Começou a sair quase exclusivamente com uma amiga comum e eu senti-me
excluída, algo que eu odeio, é das piores coisas que me podem fazer, infelizmente sinto-o muitas vezes.
Mas continuava a dar-me com ela, apesar de ela começar a esconder-me que saia com a outra moça, como se fosse algum crime, se calhar pesava-lhe a consciência.
Tentei convida-la para o 1º aniversário do meu filho. Estava sempre ocupada para falar comigo. Quando finalmente a apanhei, numa aula de inglês que
tínhamos em comum mas onde ela raramente ia, quando lhe disse que estava a precisar de falar com ela e nunca a apanhava, ela gritou comigo que era porque tinha muito trabalho (até parece que eu não fazia nada...), ao que eu lhe entreguei o convite sem dizer mais nada e lhe virei as costas.
Quando a minha mãe morreu, ela estava de férias e não poder ir ao funeral. Telefonou a chorar e disse que quando voltasse
íamos as 2 almoçar e conversar um bocadinho. Estou à espera até hoje, 2 anos e 9 meses depois.
Praticamente deixou de me falar. Está a trabalhar com a direcção da empresa e deve pensar que eu sou rasca demais para ela. E esta semana passou por mim e pelo meu filho e até a cara ao lado nos virou.
Confesso que fico triste. Tenho muitos amigos e amigas, felizmente tenho sim, mas fico triste com estas atitudes. Nunca lhe fiz nada de mal, pelo contrário,
sempre estive do lado dela quando ela precisou. Por isso fico infeliz com estas atitudes.
Desculpem este testamento com pouco interesse que para aqui vai mas sinto-me infeliz com esta situação. E apeteceu-me desabafar com vocês.